A pesca com amostras Lipless (Lipless crankbaits) é uma técnica popular entre os pescadores desportivos de achigã, devido à sua eficiência e facilidade de uso. O objetivo deste artigo é apresentar os conceitos básicos desta técnica, além de fornecer dicas para que os pescadores possam refletir sobre esta técnica e aprimorar os seus resultados. Dou a conhecer também a minha opinião sobre o conjunto (cana, carreto e linha) que uso e que acredito ser eficaz.

O Lipless é um tipo de amostra artificial que imita a aparência e os movimentos de peixes pequenos, esta amostra é semelhante a um Crankbait, contudo sem a palheta (Bill) na zona da boca da amostra, geralmente é feito de metal, madeira ou plástico, podendo ter diversos tipos de pesos, que lhe confere a possibilidade de percorrer diversas profundidades.

De uma forma geral os Lipless são projetados para “cairem” rapidamente através da água, produzindo vibrações que atraem os achigãs. Existem diversos tipos e formatos de Lipless, podendo estes terem adicionado Ratling (esferas no seu interior, que produzem som quando movimentadas – “chocalho”), aumentando dessa forma a sua presença e atratividade para os achigãs. Usualmente são amostras que podem também ser arremessados a longas distâncias, o que se torna útil para cobrir grandes áreas da massa de água.

Na minha perspetiva a chave para o sucesso na pesca com lipless é a escolha adequada da amostra (cor e tipo de lipless) e da técnica usada no lançamento e na recuperação. É importante também ter em consideração as condições climatéricas, a profundidade da massa de água e claro está… o comportamento do achigã na época em que o estamos a capturar. Estas serão as principais variáveis a ter em consideração.

A técnica de uso com o Lipless consiste em arremessar a amostra e recuperá-la de maneira rápida e irregular, simulando a fuga de um peixe. É importante variar a velocidade e a direção da recuperação para atrair a atenção dos achigãs.

Aqui a técnica que usaremos para animar o nosso Lipless, ditará o nosso sucesso, pessoalmente vou variando a técnica de recuperação, até que surta efeito. Habitualmente começo por lançar e recuperar um pouco mais lento, até com o intuito de perceber a morfologia do local em que estou a pescar, depois tento a técnica “Yo-Yo” ou seja deixamos a amostra cair e depois recuperamos, voltando a repetir o processo. Por ultimo utilizo a técnica de reação, que consiste em efetuar movimentos erráticos, ora sejam estes mais rápidos, ora sejam mais lentos, fazendo inclusive algumas paragens, no sentido de tentar imitar um peixe moribundo a tentar escapar a um predador.

Outro aspecto importante a ter em consideração, e sob o qual recai a eficácia da nossa pesca é o conjunto ( cana, carreto e fio) com o qual estaremos a utilizar a amostra.
A minha escolha de “COMBO” para a trabalhar com Lipless:

• Cana com corpo médio (Medium Heavy) e ponteira de acção moderada-rápida ligeiramente parabólica
• Carreto de recuperação de 7:1 ( Ratio 7:1)
• Linha Fluorcarbono ( 14 a 16 Lb )

 Devo referir que as minhas escolhas estão diretamente relacionadas com as massas de água que mais frequento, e as quais na sua maioria contêm algas, ou outro tipo de estrutura que pode requerer maior resistência dos materiais em caso de prisão da amostra.
Não tendo estas necessidades especificas que referi, poderemos tornar a nossa pesca um pouco mais subtil e por exemplo reduzir ligeiramente o diâmetro da nossa linha.

Neste tipo de amostras com fateixas, recomendo sempre uma cana que tenha acção ligeiramente parabólica, pelo simples facto de permitir que as investidas do peixe ou saltos fora da água, sejam de certa forma amortecidas por esta capacidade da cana. Minimizando desta forma a possibilidade de “desferragem”. 

Uso como linha, o Fluorcarbono por ser mais resistente na minha perspetiva ás estruturas essencialmente pedras/rochas e troncos de arvores, e por esta linha ter capacidade de afundar com facilidade, não influenciando desta forma a acção da amostra. 

Em conclusão, a pesca de achigã com Lipless é uma técnica eficaz e fácil de ser posta em prática. Devemos ter sempre presentes todas as variáveis que possam influenciar o nosso sucesso, e essencialmente praticar, pois a tentativa e erro, é o que nos faz tirar as nossas próprias conclusões e fazer de nós pescadores com sucesso.

Nuno Vareda